O melhor petisquinho do mundo: os torresmos

Era ali, entre as planuras douradas do Alentejo, que a matança do porquinho era mais do que um costume — era um ritual. Um dia sagrado, cheio de gente, de vozes, de frio matinal e panelões ao lume. Havia trabalho, sim… mas também havia recompensa.
Depois de todo o rebuliço, quando o fumo já se tinha assentado e as mãos sabiam a banha, vinha o melhor petisquinho do mundo: os torresmos!

Feitos com calma, no tacho de ferro, a chiar lentamente na banha quente, ganhavam aquela cor douradinha e um cheiro que fazia parar até o relógio da igreja.
Sentava-se a malta toda à volta da mesa rústica, com um copinho de vinho tinto e os torresmos ali no meio, com sal grosso por cima, a chamar por dedos gulosos. O mais novo que se atrevesse a tirar dois de uma vez levava logo uma palmada do avô — “Um de cada vez, rapazinho, que isto é feito com tempo!”
E ali ficavam, a rir, a conversar, a partilhar memórias e migalhas… Porque o torresmo não era só petisco. Era desculpa para estar junto.
Foto ilustrativa de Cachopo, uma aldeia com história