AÇORDAS ALENTEJANAS, SUA ORIGEM, HISTÓRIA E A HERANÇA MUÇULMANA

AÇORDAS ALENTEJANAS, SUA ORIGEM, HISTÓRIA E A HERANÇA MUÇULMANA
Tudo leva a crer que da primitiva açorda árabe terão divergido, posteriormente, em diferentes momentos e contextos, e em versão algo mais substancial, o cozido à portuguesa (com carnes e vegetais); a sopa da panela (açorda de aves); e uma versão mais pobre, mas talvez a mais simbólica, da açorda “alentejana” com azeite como fonte proteica.
A tradicional “açorda de alho alentejana”, que tem um conjunto de ingredientes escassos e algo pobre, costuma ser acompanhada por azeitonas, mas também por ovos cozidos e peixe frito (carapaus ou sardinhas), bacalhau ou uvas, figos e melão.
O condimento clássico é um piso de alho, coentros e/ou poejos verdes. A açorda mais simples, chamada de “cega”, nem leva acompanhamentos.
As primitivas caldeiradas das zonas litorais, teriam as sopas de pão como componentes (hoje substituídas pelas batatas, acompanhadas pelo tomate e pelo pimento, que acabaram por se tornar fundamentais nas caldeiradas).
É possível que aquelas primeiras caldeiradas fossem algo semelhantes às “poejadas” (como ainda hoje é cozinhada a “açorda de bacalhau” ou “poejada”), com o pão, o caldo do peixe e dos poejos, mas sem a presença de frutos e vegetais que só depois do século XV foram introduzidos na Europa.
Nas costas marítimas do Gharb al-Andalus constata-se desde o período islâmico, a presença de um género de caldeirada de moreia (al-muwâraj), que seria então uma “açorda de moreia”.
É provável que dessa época possa também ter surgido a chamada “sopa de cação”, também ela uma açorda, pois leva sopas de pão na sua composição.
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